"(...)Não acontecia nada e o tédio não passava e ele sempre chegava em casa apenas pra ficar ali olhando o nada, sem nem conseguir dormir de tão vazio que se sentia. Até que naquele domingo, por algum motivo, a câmera em sua escrivaninha passou a lhe importunar profundamente. Com uma naturalidade um tanto bizarra, então, pressionou o botão vermelho e desligou-a, logo fazendo o mesmo com o resto das câmeras da casa – e pensando que muitos outros ao redor do mundo, e até mesmo muitos outros naquele edifício, tinham por costume fazer o mesmo de vez em quando; pensando que aquilo jamais poderia trazer-lhe grandes conseqüências.

Mas não."
O CARRASCO DE ÓRION

18.11.03

 
Morrendo de medo? Do que ele estava falando? De quem ele estava falando? Pra quem? Por que seu coração palpitava tão rápido e, pior ainda, porque ele não conseguia se importar com isso?

Caio afinal estava morto. Ele era um bom sujeito, por vezes muito retraído ou melancólico, mas boa companhia; tinha sido um amigo, ou o mais próximo disto, desde que Eduardo se mudara para o edifício. Um dos poucos no restrito círculo social que lhe restara desde que tornara-se pop e sua vida alterou-se para girar apenas em torno do trabalho e da vizinhança do condomínio opulento e vazio. Ele devia ter ao menos lamentado a morte, ficado de luto, ao invés de xingar todos e ir embora sem oferecer um mínimo de ajuda ou boa vontade. Devia ao menos ligar para a família dele, dar os pêsames, Caio sempre falava tão bem de sua família...

Assim pensava Eduardo enquanto vagava pela rua, supostamente sem rumo, até estancar, fitar acima da própria cabeça, e deixar escapar pela boca:

- O que eu estou fazendo aqui?

"Jason's." Estava agora de frente para a porta do bar.

- Eu não quis vir para cá. Não hoje. - continuou seu monólogo. - Faz uma semana que não venho, eu nem tenho mais porque vir.

Ana.

- Ela não vai estar aí. Porque estaria? Depois de tantos dias.

Subiu as escadas. É claro que ela não estaria lá. As pessoas não ficavam paradas no 3° andar de bares uma vez a cada 15 dias, esperando que estranhos completos viessem até lá para olhar pra eles, e ir embora. Pessoas normais não faziam isso.

- Eu devo estar mesmo endoidando.

Ele subiu até o terceiro andar pulando os degraus, apoiando-se até perigosamente no corrimão.

- Pra ficar assim falando...

Ela estava lá, no mesmo lugar ao lado da escada, com o mesmo vestido, os mesmos cabelos, os mesmos olhos negros.

- ... sozinho.

- Sozinho? - ela sorriu de maneira tão sutil que ele mal pôde ver as dobras em seu rosto. - Quer companhia? Sente-se.

Sentou-se na cadeira em frente a ela e à escada, de costas para o resto do bar, e fitou-a por quantidade indefinida de tempo, sem conseguir se preocupar em dizer qualquer uma das coisas que pensou em dizer ao longo daqueles 15 dias. Não fez nenhuma pergunta, nenhum comentário, nem disse oi enquanto ela, a cabeça deitada na mão esquerda exatamente como daquela vez, o olhava de volta.

- Eduardo, você estava falando sozinho e agora não vai dizer nada?

Nem lhe ocorreu de perguntá-la como sabia seu nome, afinal ele, por mais que muitas vezes detestasse, era famoso. Mas como também nenhum bom motivo fútil lhe cruzava a mente, adotou uma sinceridade que em qualquer outra situação seria estranha:

- Desculpe.
- Nunca peça desculpas. - sua voz era seca, as palavras, curtas.
- Estava te olhando.
- Eu também.
- Não costumo fazer isso, ficar olhando pras pessoas sem dizer nada, sem me anunciar.
- Costuma sim. - e afiadas, tammbém. Curtas e afiadas como pequenas adagas.
- Mas eu nem sempre fiz isso. Começou faz pouco tempo. Faz só duas semanas, e eu já me sinto tão diferente que é como se tivesse passado uma ano, e tudo começou no dia em que te encontrei aqui.
- Não.
- Não?
- Não.

A brecha para o "quando, então?" que logicamente seguiria simplesmente não existia. Eduardo levou alguns segundos até entender isto e dar outra sequência.

- Mas eu não agia assim. Maltratando tanto os outros, meus colegas de trabalho, meus vizinhos, como se fossem lixo, eles não são lixo. Bom, não todos eles. E ficar assistindo os programas deles o dia inteiro e depois ficar fazendo aquelas, aquelas coisas.
- Os bilhetes?
- Não só os bilhetes, toda essa coisa de, de bagunçar com as cosias da Maria, as roupas da Irene, trocar as músicas do Rubens de ordem, marcar aquele encontro falso do Caio com a mãe. Aquilo, aquilo foi muito escroto!
- Foi.
- E não é só isso eu. Eu fico batendo punheta umas 3, 4 vezes por dia e desde que vi você eu não como ninguém, eu vejo alguém fudendo na agavê e aquilo me dá um nojo tremendo, uma raiva que eu não sei o que é, naquele dia da Soraia eu achei que ia explodir, mas aí quando presto atenção estou me masturbando de novo. E - Ana sorria de novo - eu não sei porque estou contando isso a você.
- Você desliga as câmeras.
- Eu o quê?

Ela endireitou o rosto.

- Desliga as câmeras.
- E daí?
- Quando passou os bilhetes e desarrumou as coisas, e quando fica no quarto vendo os outros e batendo punheta.
- E?
- É bonito isso. Eu acho.
- O que, bater punheta?
- Também.
- Também? O que mais é?
- Tudo.
- Tudo? Tudo que eu disse?
- Tudo.
- Tudo maltratar meus colegas, ficar olhando os outros, bater punheta, passar bilhetes, desarrumar as coisas, entrar no quarto da Soraia e esmigalhar a sorveteria, queimar o edredom?
- Isso também.
- Do que você está falando?
- De câmeras.

Eduardo caiu com as costas de volta na cadeira.

- Câmeras?
- Você perguntou.
- Como assim? O que isso quer dizer?
- Quer dizer o que quer dizer. Já são duas respostas que lhe dei e você não me deu nenhuma.
- Duas?! Mas eu nem -
- SShh. Pense nas câmeras.
- Co -
- Sh. - ela repetiu, desta vez levando o dedo até quase encostar na boca dele, para a seguir deslizar o rosto lenta e suavemente até a mesma distância.

Permaneceram desta maneira pelo que pareceu uma eternidade, olhos nos olhos, silenciosos, e imediatamente o espírito de Eduardo, cheio de dúvidas, acalmou-se como se todas elas tivessem sido certeiramente alvejadas. Ele relaxou e aos poucos deixou-se levar pela escuridão do olhar de Ana, flutuando nela, mergulhando naquela inexplicável familiriaridade, seduzido, alheio a tudo mais que o rodeava, mal piscando.

Súbito a pequena luz brilhante no fundo dos olhos negros tiniu, mirou fundo a Eduardo, e uma pontada agonizante emergiu de seu peito, espalhando-se pelo restante do corpo como calafrio. Ele instintivamente soube que bastava desviar o olhar para livrar-se daquela sensação horrível; não queria fazê-lo, queria ter vivenciado aquilo por quanto tempo entendesse, mas a sensação agonizante de tal forma o espremia, que sabia melhor ainda que não poderia suportá-la muito mais.

Foi então que um som inconfundível, um zumbido eletrônico com ligeiras doses de apito, baixo como um sussurro, soou, e Eduardo, desviando o olhar, aliviado, pôde ver uma Trimag flutuando atrás do corrimão.

- Câmeras. - murmurou. - Quem -
- Minha vez de perguntar. - Ana o interrompeu e, sem se recostar de volta no lugar, deitou novamente o rosto sobre a mão esquerda. - Você responde, Eduardo?
- É claro.
- Eu sou bonita?

Ele sorriu diante da pergunta, surpreso por ouvir algo que lhe parecia tão ingênuo.

- Você - respondeu - é linda. Eu nunca vi nada mais bonito que você.

Ana riu. Seu riso era sutil como o sorriso que seus lábios antes formavam, mas mais que ele, e menos que uma gargalhada. Não era o riso que se ria de uma piada, mas antes o que se ri de uma pequena criança se lambuzando com a comida, ou tropeçando nas próprias pernas. Riso que parecia vir acompanhado de um falsamente carinhoso, cruelmente sarcástico "tolinho" - que ela, porém, nunca chegou a pronunciar.

- O que foi? - perguntou Eduardo, tentando parecer irritado.

Ela puxou o rosto dele e, virando-o de lado, sussurrou em seu ouvido com a voz seca:

- É bonita a agonia que você acabou de sentir? Seria bonito senti-la correndo o corpo inteiro, pra que depois a dor tome o lugar dela? E sentir-se fraquejar, e tontear, e tudo doer tanto que você mal consegue distinguir a si mesmo dos outros, o que te rodeia, pulsar de dor, se contorcer de dor sem conseguir gritar porque seu grito não sai e tentar gritar só faz doer mais? E tentar escrever alguma coisa num teclado que você mal consegue sentir, pra pedir uma ajuda que sabe que não vai chegar a tempo, e cair no chão e não conseguir levantar, e sentir tudo sem saber se está se esvaindo ou aumentando, mas que caminha, nem lento, nem rápido, para o fim, e então lembrar-se de tudo que te era querido e tudo que você deixou pra trás, o que fez e não fez, quis e rejeitou, se juntando e se amontoando e tremendo, até que num último impulso o grito sai, os músculos todos se contraem, a consciência se expande, e tudo que já foi você se esvai em líquido no chão? Vermelho sangue, branco porra, negro luto, é bonito isso?

A sensação invadiu Eduardo novamente, e ele sabia que não a aguentaria por muito mais tempo; mas junto com ela veio, dessa vez tão clara, a resposta a uma de suas dúvidas.

- Caio! - ele tentou gritar, mas sua voz foi um sussurro como o dela. - Vocâ matou o Caio!
- E você? - ela retrucou, levando a outra mão por baixo da mesa até agarrar o pau dele. - Vai bater outra daqui a pouco?

Eduardo saltou da cadeira.

- Porra quem é você?!?
- Vai lá. Pelo que eu senti você não deve estar se aguentando.
- Quem é você!? De onde você veio? O que quer de mim, como sabe de tanta coisa?
- Não é da sua conta.
- Escuta aqui, é melhor esclarecer isso comigo do que com a polícia, sua -
- Com a polícia? - ela sorriu de novo, muito mais maliciosa que antes. - Que é isso, medo, seu hipócrita?

Eduardo quase prendeu a respiração. Não teria pensado em nada para dizer de todo jeito, mas a percepção tardia de que suas palavras acabavam de ser voltadas contra si não ajudava em nada.

Ana levantou-se. Rodeou a mesa e, ao passar por trás de Eduardo, mais uma vez sussurrou-lhe:

- Eu vou te dar o que você quer. Um dia. Enquanto isso, vá tentando enxergar direito o que te rodeia, ou não vai ter nada pra se borrar e esvair quando chegar a hora. - e, abaixando o olhar, completou. - Há um banheiro sem câmeras num bar duas quadras daqui, do outro lado da rua. Aproveite.

E com isso desceu a escada num passo calmo e constante, sem olhar pra trás.
posted by Heitor 22:30

12.11.03

 

THE SPANISH INQUISITION

Pois ninguém nunca espera que eu esteja lá! rs... Q piada ruim, Sônia! rsrsrs!...

19-11-2058

A COISA ESTÁ PROGREDINDO...

Bom, Esse lance do Caio me deixou bem preocupada e ocupada de ontem pra hoje, mas aí com isso os bilhetes também pararam de aparecer. Eles estavam chegando todo o dia, ontem e anteontem parou, aí logicamente eu comecei a me perguntar se tinha alguma coisa a ver; vcs vão me perdoar, pq não tem motivo pra achar q tem a ver uma com a outra, mas realmente, achei muita coincidência. Até pq tem uma hipótese muito simples para explicar isso: o assassino e a pessoa dos bilhetes serem a mesma. Fica mais fácil ainda se a gente supor q em ambos os casos estamos falando do Eduardo.

Mas se isto for precipitado? Ninguém disse que o Eduardo tem nada com a história. Ele tem andado muito suspeito ultimamente, mas isso não prova nada, ele pode esttar só chateado, ou mais fácil, pode não ter feito as duas coisas. Primeira hipótese: ele não é o assassino. Tem um lado meu que gosta muito dessa hipótese, pq não consegue ver motivo pro Eduardo matar ninguém, muito menos o Caio, q nunca fez mal a ninguém. A outra coisa q encoraja essa hipótese é q o Eduardo é um analfa com tecnologia, akela neozada com a câmera, e eu nem entendo tanto de câmera assim, mas sei disso, aquilo foi muito cobra. Tanto q hj fui dar uma outra olhada, e deu pra perceber o seguinte: será que é só chuvisco aquilo? Tive a impressão de q alguns pedaços eram diferenciados dos outros, não tive tempo de ver direito pq tinha um artigo pra escrever tbm, mas acheei q tinha alguma imagem por trás do chuvisco.

Isso supondo q o Caio morreu mesmo envenenado, pq ainda não temos certeza.

CINEMA VELHO

O Heitor me ajudou com as reportagens sobre filmes antigos hoje, me passou até alguns artigos q ele mesmo fez. Não consigo acreditar como se lucrava tanto com uma coisa tão pouco linkada. E o jeito como eles tratavam a coisa, gente! Era meio como se fosse sagrada, vc tinha um filme de um jeito, eles até brincavam q não podia mexer nele de jeito nenhum, não podia mudar os detalhes, mexer na adaptação, era dogmático. As adaptações de outras mídias para o cinema, ou de qquer mídia para outra, eram todas assim: se vc mexia muito era escorraçado pelos fãs, e o espectador por sua vez tinha q se conformar com o q via na tela, não tinha nenhuma opção de linkagem, não tinha interação, não tinha nada, era um saco.

PONTES PARA UMA MELHOR LITERATURA

Desculpem o trocadilho bobo, mas segui o conselho da Márcia e não me arrependo: Raphael Pontes é o surplus! Devorei o "De Fogo e de Vento" no fim-de-semana, num fôlego só, eu tenho q admitir q não esperava tanto. Normalmente não gosto tanto desses romances pós-apocalípticos q estão fazendo moda, mas ele transcende em muito o gênero. Ao contrário da maioria dos colegas de escrita, ele utiliza o fator medo, o terror do desconhecido, mas não fica só nele, seu romance é principalmente sobre pessoas, e a relação delas com o desconhecido, a maneira como se aprende a lidar com ele e como isso nos muda, como isso faz de nós o q somos, e como somos pessoas diferentes em situações diferentes. A evolução da protagonista, Angela, de uma garotinha mimada para uma matriarca responsável, transforma-a em alguém tão... real! E as metáforas que enchem o livro, principalmente a do sopro na vela, nossa. Imperdível.

OS TEMIDOS LABORATÓRIOS

Como venho registrando aki ao longo das semanas, há coincidências em série assolando minhas reportagens sobre os laboratórios Ramirez. Desde que tinha feito uma matéria sobre o desaparecimento do fundador alguns anos atrás eu sempre fui intrigada por eles. Vcs tbm acompanharam aki minha pequena devassa sobre o incidente de Seattle, sobre a trágica morte de quase todos os pesquisadores de lá, sobre o que era a pesquisa...

Foi só ontem que me bateu uma luz, e eu percebi que os bilhetes misteriosos deixados na minha porta eram pistas para a minha investigação! Claro q fico desconfiada disso, mas resolvi seguir as dicas assim mesmo. Hj peguei os 3 que não diziam nada da minha vida pessoal, pelo menos dois deles com certeza estavam ligados a isso. Primeiro, o que dizia "Ana dos olhos negros sabe de tudo. Encontre-a no Jason's Pub, hoje." Ontem escrevi isso, mas na data do bilhete, ou seja, 5 dias atrás, fui lá e não havia ninguém; mas aí vi o segundo bilhete e tive um estalo, pq ele dizia "o Ártemis não foi destruído, está com a moça do pote".

Lembrou? Ártemis era o nome do projeto q estava sendo pesquisado em Seattle na época do incidente, e dizem que tbm era a substância q estavam desenvolvendo, ou pesquisando. Eu só lembrei pq estava passeando pelos meus arquivos ontem... Então a pessoa dos bilhetes sabe exatamente do que estou falando. Aí fui cruzar os dados e vi q uma das principais pesquisadoras da equipe de Seattle, aliás da equipe original, se chamava Anna Ericsson, consegui inclusive encontrar uma foto do arquivo e, sim, ela tinha os olhos negros. Mas a gota d'água foi ver que o símbolo de um dos laboratórios atacados 4 dias atrás - durante minha pesquisa - era um pote, eu não tinha ligado uma coisa a outra: o nome do lugar era Aquarius! E todos os laboratórios eram subsidiárias Ramirez. Qual constelação tem uma moça carregando um pote? Pois então, vou dar uma olhada nisso, aí repasso pra vcs. Claro q tenho q seguir o conselho do terceiro bilhete e tomar "cuidado com o carrasco de Órion", rs... bom, qdo descobrir o q é isso, posto aki.

T+.
posted by Heitor 23:40

4.11.03

 

III. DÚVIDA

"O log de Sônia Ganzarolli. 73.601 visitas nas últimas 24 horas.

20:25 hs. de 18 de novembro de 2058.

Salão de festas do edifício. Sônia acaba de descer do elevador acompanhada de Soraia e Eduardo. A primeira, ainda esbaforida; a segunda, acusadora. Ele, apático.

No salão, Maria preside a assembléia. Presentes Márcia, Rubens, Jorge, Irene, Alice. Ausentes Thiago, que deixara procuração a Maria, e Miguel, em viagem há mês e meio. O corpo de Caio jaz numa mesa entre Maria e os demais, a pele enegrecida. Todos num misto de confusão, medo e pesar.

MARIA: Silêncio! Calem a boca! Não adianta nada ficar. (vendo Sônia) Até que enfim!
(todos viram-se para Eduardo e Soraia. Ela se senta, ele apenas apoia-se numa parede. Sônia retoma o lugar ao lado de Irene.)
ALICE (entre o doce e o desconfiado): Qual o problema? Por que a demora?
RUBENS: Hahaha não dá pra imaginar? (cutuca Márcia) Hahahaha!
MÁRCIA: Dudu, dudu, ninguém te segura.
SORAIA: Cala boca seus analfas.
RUBENS: Tá ofendida, mocinha? Aí, Eduardo, ela ficou ofendida só da gente falar nisso, vai deixar, vai?
EDUARDO (apontando para o corpo de Caio com a cabeça): O que houve com ele?
MÁRCIA: Morreu, não tá vendo?
EDUARDO (falso susto): Hã? Jura? Pensei que a pele estivesse assim porque estava fantasiado de zumbi! Ele morreu de quê? Será que foi alguma doença que pegou enquanto lambia sua bunda na semana passada? Ou a buceta da Soraia ontem é que estava infectada?
(breve silêncio)
IRENE (em meia-voz, somente audível devido ao silêncio): Não precisava ser tão rude.
(Eduardo crava impiedosamente os olhos nela, que se desvia)
MARIA: Não sabemos direito. Pode ter sido muita coisa.
ALICE: Acredito que foi algum tipo de veneno.
EDUARDO: Quando?
MARIA: Difícil dizer. Mas hoje com certeza, o efeito foi muito rápido.
ALICE: Não tão rápido.
SÔNIA: Como assim?
ALICE: Estava pensando nisso agora. Existe todo tipo de veneno, alguns tem efeito retardado, mas rápido e letal. Além disso, o veneno pode ter sido colocado em algum lugar planejado para que só fosse ser injetado ou ingerido depois...
JORGE: Olha, não é melhor a gente parar de bestar e esperar a o pessoal do IML levar o presunto? A gente não tem nada com isso.
RUBENS: Deixa de ser peidão!
JORGE: Olha, eu tenho mais o que fazer, tá certo?
RUBENS: Frouxo!
IRENE: Pára com isso, Rubens.
ALICE: Eu só estou divagando. Mal não vai fazer.
RUBENS: Você também não estava divagando porra nenhuma, exibida! Só porque seu pop é uma merda! Você chegou vai fazer um mês e já.
IRENE: Rubens!
ALICE: Maria, não vou ficar admitindo uma ofensa pessoal desse nível.
RUBENS: Sua putricinha!
MARIA: Rubens, agora é oficial: cale a boca. Nós vamos esperar a polícia, mas ainda temos uma reunião a fazer. Eu vou aprovar este maldito orçamento nem que saia daqui só amanhã de amanhã.
ALICE: Pensei que o orçamento só seria aprovado se todos concordassem.
MARIA: Ah, você entendeu! Alguém passe as cópias pro Eduardo e pra Soraia.
IRENE: Você pretende continuar a reunião com um corpo na sala?
JORGE: Ela já explicou.
MARIA: Passa a merda da cópia!
(Irene passa a Jorge, que passa a Soraia. Ela apanha o papel e, sem ler, levanta-se)
SORAIA: Antes disso, eu tenho uma queixa a registrar.
MARIA (mão na testa): Ai, Cristo, não podemos deixar pra depois?
SORAIA: É uma queixa por invasão de propriedade.
MARIA: Soraia, sinceramente eu acredito que.
SÔNIA (olhos brilhando de excitação): De quem?
SORAIA (aponta para Eduardo): Dele!
(nova comoção geral. Maria mais uma vez leva às mãos à testa, senta-se, levanta-se novamente quando o burburinho diminui.)
MARIA: Tá certo, tá certo, vamos registrar a queixa. Jorge, por favor, você.
JORGE (com os ânimos sutilmente renovados e sua trimag em riste): Tá na mão, pode dizer.
MARIA: A que horas isso?
SORAIA: Hoje de manhã. E destruição de propriedade. Vou dar queixa na polícia também.
JORGE (meio gravando a conversa, meio digitando): Calma, calma, uma coisa de cada vez.
MARIA: Sônia, pega o registro de HV por favor.
SÔNIA: A que horas foi, Soraia?
SORAIA: Umas oito e meia. Mas não tem registro, ficou só chuviscando por uns minutos.
SÔNIA: Peraí. Se não tem registro, como é que cê sabe que é ele?
SORAIA: Eu sei.
SÔNIA: Ah, para com isso, cê não sabe de nada!
MÁRCIA: Mas é muito presunçosa.
SORAIA: Ele neozou com a câmera. Pode ter certeza.
MARIA: Sônia, pega a gravação de todo jeito.
IRENE: Não tem nada a dizer, Eduardo? Foi você?
EDUARDO (ar de irrelevância): Não.
SORAIA: Mentira dele.
MARIA: A gravação, Sônia.
SÔNIA: Tá aqui, tá aqui.
(ela apóia sua Trimeg na cadeira vazia ao lado. Logo ela gera uma imagem 3D, mas esta mostra apenas o esperado chuvisco.)
EDUARDO: Não prova nada. Não fui eu.
ALICE: Sônia, pode voltar a gravação?
SÕNIA: Claro.
(gravação volta até um momento antes do chuvisco. Mostra o quarto de Soraia vazio e arrumado.)
ALICE: Agora avance, por favor.
(gravação avança até o fim do chuvisco. Mostra o mesmo quarto, mas bem desarrumado. A cama está sem o edredom, e a lojinha de sorvetes em pedaços)
ALICE: Bom, está claro que alguém entrou. E também que alguém mexeu com a câmera.
SÔNIA: Olha só... nós todos não vimos uma coisa parecida hoje?
RUBENS: Eu vi!
MARIA (exausta): Hã?
SÔNIA: Esta gravação é do quarto do Caio, pouco antes dele morrer. Olha. (liga a HV novamente, imagem mostra Caio em seu quarto, sentado em frente a um monitor 3D) Ele estava visitando o log da Soraia. Aí. (imagem torna-se um chuvisco, exatamente como no caso de Soraia.) E oito minutos depois. (imagem retorna, mostrando Caio estendido no chão e a cadeira onde estava, derrubada.)
(breve silêncio)
SÔNIA: Eduardo, onde você estava hoje às oito e meia da manhã?
EDUARDO: Quer brincar de detetive? Que gracinha.
MARIA: Responde, Eduardo.
EDUARDO: Não.
SORAIA: Eu sabia! Seu canalha, você além de tudo matou o Caio!
(nova comoção, mais suave. Todos ao mesmo tempo)
MÁRCIA: Nossa!
RUBENS: ... só que filho da puta, a gente confia no sujeito...
SÔNIA: Hmmm... por isso as câmeras desligadas...
IRENE: ... tão rude de repente, de uns meses pra cá.
EDUARDO (sem gritar, mas ainda assim interrompendo o burburinho): Não matei ninguém.
ALICE: Então onde você estava na hora da morte dele? E onde estava hoje de manhã?
(os outros apóiam a inquisição)
EDUARDO: Não é da conta de ninguém, (para Alice) muito menos da sua.
MARIA: Eduardo, por favor, é melhor esclarecer com a gente do que com a polícia.
ALICE: Sim, é melhor. E é melhor esclarecer o que faz todas essas vezes em que desligou sua câmera, ninguém está duvidando de você, só.
(Eduardo solta uma risada alta, forçada)
EDUARDO: Ninguém está duvidando? Sua hipócrita! Seu monte de merdas! Quer saber o que eu acho? Por que querem que eu conte tudo? (desencosta-se da parede) Acho que vocês estão morrendo de medo!
(Eduardo deixa o salão de festas, sob protestos de todos os outros)

25.808 visitas no período analisado. Média 35,76% superior ao dia anterior, parcela de 41,33% do total do dia."

"Pedido: registro de câmera de Eduardo, a partir das 20:41 hs. de 17/11/58. Procurando..."
posted by Heitor 01:45

 

 

 

 

Pop:

Weblog Commenting by HaloScan.com

A estória até agora (primeiro post em 22/07/2003):

07/01/2003 - 08/01/2003   08/01/2003 - 09/01/2003   09/01/2003 - 10/01/2003   10/01/2003 - 11/01/2003   11/01/2003 - 12/01/2003   02/01/2004 - 03/01/2004   03/01/2004 - 04/01/2004   05/01/2004 - 06/01/2004   06/01/2004 - 07/01/2004   07/01/2004 - 08/01/2004   08/01/2004 - 09/01/2004   09/01/2004 - 10/01/2004   10/01/2004 - 11/01/2004   11/01/2004 - 12/01/2004  

_____________________________

O LAR DO CARRASCO

Local: Rio de Janeiro, Brasil.

Época: 2058 D.C.

Condições: As cidades e as pessoas não mudam - não no que interessa. Mas se você se preocupa com os detalhes, eis um glossário para os perdidos.

DRAMATIS PERSONAE

Aécio: tutor de Márcia, a quem acolheu e criou desde muito nova.

Alice: mais nova residente do edifício de Eduardo, onde ocupa o décimo primeiro andar. Razoável, amigável, tolerante, bem-humorada, dona de olhos muito claros. Ocasionalmente causa um asco terrível e inexplicável a ele.

Ana: mulher misteriosa que Eduardo encontra no Jason’s. Pálida, cabelos da cor do fogo e olhos de um escuro imenso, fala de maneira oblíqua, desaparece quando bem entende e parece conhecer todos os segredos. Samantha alega que ela mente ao dizer seu nome.

Big H: hacker investigado por Caio, cujos logs costumava alterar de maneira provocativa.

Caio: músico do andar acima de Sônia. Sentia falta de intimidade. Freqüentava forums sobre sexo. Andava mexendo com um hacker chamado Big H. Foi encontrado morto no próprio quarto, talvez assassinado; muitas suspeitas recaem sobre Eduardo. Este por sua vez acha que foi Ana.

Dr. Cristóvam Ramirez: proprietário dos laboratórios Ramirez, foi o cabeça do projeto Ártemis. Tentou dissuadir, em vão, Oxford a não fugir com o Chronos. Desapareceu alguns anos atrás. Tem predileção por vocábulos de negação.

Dr. Richard Oxford: dono do restaurante onde Soraia atualmente trabalha. No passado, foi parte da equipe do projeto Ártemis, trabalhando com Ramirez. Desenvolveu o Chronos, um potente agente contra o envelhecimento, que por sua vez gerou um vírus terrível que exige vidas humanas para ser contido.

Dra. Anna Ericsson: bióloga, suas descobertas levaram à criação do projeto Ártemis, o qual integrou. Sônia verificou pelos arquivos que ela tinha os olhos escuros.

Eduardo: fio condutor da narrativa, é mestre em circuitos tecno-orgânicos de precisão, artista plástico frustrado e famoso bem sucedido. Profundamente entediado, adquiriu os hábitos peculiares de desligar as câmeras do seu vlog, de encontrar-se com uma ruiva de olhos escuros, e de ser suspeito de homicídio.

Heitor: autor desta estória.

Higínio: vigia dos registros de logs. Trabalha para a Z, mas tem um supervisor direto de identidade ainda desconhecida.

Homem de Capote Marrom: estranho de olhos muito claros por quem Márcia sentiu-se atraída uma noite no Jason’s, mas com quem nunca nem ao menos travou diálogo.

Irene: mora abaixo de Eduardo. Tem uma constituição física frágil mas esteticamente perfeita. Acredita em explicações lógicas para os sentimentos, e que o amor é uma projeção. Gosta de discutir e prender os outros interlocutores em armadilhas de argumentação lógica; Eduardo é o único capaz de rechaçá-la, o que tem por hábito fazer.

Jason: inglês, dono do bar Jason’s, freqüentado por Eduardo, trabalhou para a Z na busca dos restos do veículo ARX-Maglev.

Jorge: Engenheiro termodinâmico, reside dois andares abaixo de Eduardo, com quem simpatiza. Aficcionado pela profissão, metódico, muito sério no que faz, tem surtos de escapismo frenético.

Márcia: vizinha de Eduardo, mora no 1° andar do prédio. Perdeu os pais e o irmão gêmeo ao fugir na ARX-Maglev, quando criança. Pensa pouco antes de agir. Adora vermelho.

Maria: síndica do prédio, reside dois andares acima de Eduardo. Autoritária. Irrita-se com facilidade.

Miguel: vizinho de Eduardo, mora no andar imediatamente acima ao dele. Está de viagem há um mês e meio e deixou uma procuração com Alice para as reuniões de condomínio.

Mr. D: bio-hacker, aparentemente sub-contratado pela Z ou pela Styx. Criou a trava de segurança do vírus que o Chronos gerou.

Raphael Pontes: romancista de renome, autor de “De Fogo e de Vento”, a quem Sônia e Márcia muito apreciam.

Rubens: vizinho do 5° andar de Eduardo, é o mais jovem residente. Provocador e arrogante, irrita muito a Alice.

Safada_23, Fernanda, Taíse, Bruno, Carol, Luísa, Netrap, Hentai_Princess, Sweet, O outro e Slayer: participantes do holo-fórum “Debatendo Sexo em Aberto”. Caio acredita que Slayer seja, na verdade, Ana, e que ela tenha lhe enviado bilhetes. Slayer declarou que Caio morreria se continuasse a bisbilhotar Big H.

Samantha: irmã gêmea de Sônia, com quem divide agora o mesmo corpo e vida. Terrorista, promoveu diversos atentados aos laboratórios Ramirez. Deixou várias anotações misteriosas para a irmã, que as enviou a alguém que assina como R.

Sônia: repórter, mora dois andares acima de Márcia. Não é filha de um mortal. Sacrificou metade de sua vida para salvar a de Samantha, sua irmã gêmea. Recebeu bilhetes misteriosos que desconfia terem sido feitos por Eduardo. Rói as unhas. Tem uma curiosidade suicida.

Soraia: vizinha de cima de Márcia, bióloga em formação educacional, mas atualmente trabalhando como chefe de cozinha para Oxford. Já foi objeto do amor de Eduardo, que ainda lhe guarda rancor pelo desprezo que recebeu em troca; atualmente acusa-o de destruição de propriedade e do assassinato de Caio, nessa ordem. Tem imensas coleções no apartamento e olhos castanhos muito largos. Não gosta que gozem em seu edredom.

Tiago: antigo amigo de Eduardo, com quem perdeu o contato, reside na cobertura de seu edifício, onde passa o dia rabiscando desenhos, poemas e semelhantes obras de arte. Quieto e alienado do restante dos moradores, tem um séqüito de lags extremamente fiel.

VOCABULÁRIO

- .sdr: abreviatura de system damage report (relatório de danos no sistema); usada para identificar um formato de arquivo que mistura voz, texto e imagem para reconstituir e avaliar eventos danosos a um sistema digital.

- Amp: formato de gravação áudio/vídeo digital que consagrou-se como o mais rentável de todos, e eventualmente tornou-se sinônimo da gravação. Note-se que, hoje em dia, a capacidade de armazenamento dos drives caseiros (que existem em grande quantidade, cada pessoa possui vários drives e para várias funções) é tão grande, a de compressão do amp tão pequena, e a transferência da rede para qualquer aparelho, mesmo um trimag, tão rápida, que só os mais preciosistas preocupam-se em transferir as amps que possuem para DVD. A maioria apenas mantém um backup e pronto.

- Analfa: burro, idiota, estúpido, aculturado, etc. Membro da classe baixa, em oposição ao apelido “Huxleyano” da elite (alfa). Gíria muito antiga que retornou ao jargão recentemente.

- Bal: prazer, satisfação breve e facilmente adquirida.

- Ecotec: aglutinação dos vocábulos “tecnologia” e “ecologia”. Todo utensílio ligado à preservação do meio-ambiente, particularmente os mais modernos.

- Escrotar: você pode imaginar o que seja.

Fabrique: da gíria francesa “fabriqué”, muito em voga nos idos de 2030. Adjetivo que designa artificialidade, algo “com cara de recém-saído da fábrica”, certinho, reto, perfeitamente angulado, quadrado.

- Fud: misto de boite, motel, prostíbulo e casa de jogos muito comum na noite carioca.

- Grito-Mestre: objeto, quase sempre um documento, de grande importância, ou contendo informação importante.

- HV: holovisão. Aparelho semelhante à TV, só que em 3D. O nome completo, em teoria, é Tele-Holo-Visão, mas ninguém usa esse termo, mesmo formalmente.

- Maltrão: membro da classe baixa (ralé). Termo levemente informal.

- Mercúria: micro-câmera voadora para uso pessoal, programada para rotacionar em torno do usuário e filmá-lo de ângulos diversos. Usada em conjunto com o trimeg, permite que o dono de um log seja acompanhado online realmente 24hs. por dia. O modelo e a logo-marca pertencem a Z.

- OC: abreviação de Oceania, conglomerado empresarial originariamente asiático que domina os mercados da produção artística (música, escultura, cinema, teatro – a mais decadente de todas, dança, escrita fictícia e documentária, em prosa ou verso, pintura, arte sequencial e interativa), além das tecnologias de transporte, agricultura, fornecimento de alimentos e congêneres. É encarregada do fornecimento de drogas e é a criadora do soma. Além disso, encarrega-se do que já foi o Poder Legislativo. Teoricamente, compete com a Z e a Styx, mas todos sabem que elas são parceiras no que concerne ao governo do mundo.

- Ouél: membro da classe econômica alta (elite). De conotação apenas levemente informal.

- Pé: membro da classe baixa (ralé). Termo razoavelmente pejorativo.

- Pop: uma ampliação do sentido de hoje em dia. Além de abreviação para “popular” e “popularidade”, é a unidade de medida de audiência, e usado para qquer coisa q envolva audiência ou fama em geral.

- Rap: adjetivo para escandaloso, chamativo, estiloso.

- Ritar: chamar, ligar para, “telefonar” (quase não se usa mais telefone desde a popularização do vídeofone); atingir, acertar, golpear.

RPC: abreviação de “rio pra caralho” (ou “rindo pra caralho”); inspirada no “laugh my ass off” americanos, é usado em conversas de texto da Rede como expressão de estado de humor do interlocutor, e denota, como se pode deduzir, riso intenso, quase incontrolável.

- Rúfer: chefão, homem de cima, quem manda; alguém que não abdica de uma vantagem.

Streamline: corrente em inglês, designa uma via de acesso de dados em rede.

- Styx: conglomerado empresarial europeu que domina todos os setores bio-medicinais e de extração mineral (da medicina à clonagem, do garimpo às Usinas Solares e Nucleares). Além disso, são encarregados dos serviços funerários e do que já foi o Poder Executivo local, isto é, exercido nas unidades federativas (prefeito, governador, etc.), visto q o Executivo Nacional não mais existe como tal. Teoricamente é competidora da Z e da OC, mas é fácil deduzir que elas, na verdade, auxiliam-se mutuamente para ditar o rumo da Nova Ordem Mundial.

Tiltado(a): pasmo, estupefato; catatônico.

Torre: denominação dada a um setor de armazenamento de informações digitais organizado em níveis.

- Trimeg: corruptela de 3mg, por sua vez abreviação de mini-multi-media gadget, descendente distante do celular que congrega as funções de videofone, videogame, reprodutor e gravador de arquivos de áudio e vídeo, câmera filmadora e fotográfica, além de transferência de dados usuário-usuário, e acesso completo à Rede. A tecnologia e a logomarca pertencem à Z.

- Z: o maior conglomerado empresarial do mundo, surgiu na América do Norte e dominou todos os setores de informática, comunicação, fornecimento de energia, navegação aero-espacial e, como se não bastasse, virtualmente todo o arsenal bélico do planeta. Controla a Justiça, a(s) Igreja(s), e os registros históricos, tanto em arquivo como em museu. Em teoria, compete com a OC e a Styx; alguns diriam que todas as 3 trabalham em conjunto para governar o planeta; mas não seria exagero nenhum dizer que é Z quem detém o poder de fato.

- Zerar: acabado, terminado, completo, como nos videogames, mas de uso mais amplo.

______________________________

O MANDANTE DO CRIME

Nome: Heitor Coelho

Idade: 76

Paradeiro: desconhecido

Formado em: Direito com pós-graduação em Astrologia Jurídica; Astronomia; Teoria da Levitação; Projeciologia.

Gosta de ouvir: sons das profundezas do inferno ou laranjas caindo no lodo, o que vier primeiro.

Livro: sua cara por um preço camarada.

Nas horas vagas: viagens ao Submundo.

Qual a intenção desse blog: contar uma boa estória. Não reparou, retardado?

Signo: adivinha.

Aí, galera do Megazine: vão se fuder!

Fale com o Heitor e ganhe um insulto grátis!